Gerador Solar do Amazonia 1
Na madrugada do dia 28 de fevereiro de 2021, precisamente à 01h54, a indústria espacial brasileira seria colocada à prova novamente, com o lançamento do satélite Amazonia 1. Nos instantes que se seguiram à sua separação do último estágio do foguete indiano PSLV, o que se viu foi a expectativa de um dos eventos mais importantes da missão: a abertura dos painéis solares. Tamanha preocupação se justificaria pelo fato de que uma falha nesse processo representaria o fim da missão, apenas alguns minutos após a decolagem. Mas a imagem do Amazonia 1, feita por câmeras instaladas no foguete PSLV, demonstraram o sucesso e a capacidade de nosso programa espacial. Para o desenvolvimento dos geradores solares, destacam-se as 3 principais empresas contratadas pelo INPE/MCTI: Orbital, Cenic e Fibraforte. As duas primeiras já possuem um histórico de voo nas missões CBERS. O grande avanço desta vez está, entretanto, na nacionalização do mecanismo de abertura, a cargo da empresa Fibraforte. Os Mecanismos que sustentam e promovem a abertura dos painéis solares do Amazonia 1 têm as seguintes funções: Sustentar os painéis na posição fechada (painéis junto ao corpo do satélite de forma a caber dentro da coifa do foguete lançador) de maneira a suportar as elevadas cargas de aceleração impostas durante o lançamento. Essa função é exercida por pinos e outros componentes de liga de titânio de elevada resistência mecânica; Liberar os painéis da condição de retenção, quando o satélite já está separado do lançador.
Essa liberação é promovida por guilhotinas pirotécnicas, instaladas nas bases dos dispositivos de sustentação dos painéis, que cortam os pinos de titânio; Abrir coordenadamente os painéis até seu travamento na condição plenamente estendida. É um sistema semelhante a um pantógrafo com molas que exercem a força necessária para garantir a abertura e travamento dos painéis quando todos estão estendidos. O desenvolvimento dos mecanismos de abertura passou por um longo e detalhado processo de projeto, construção de protótipos e testes. Esse processo é dividido em fases, tipicamente definidas por normas para sistemas espaciais: Na fase de Projeto Preliminar foram construídos modelos de desenvolvimento dos componentes críticos do dispositivo de sustentação e das dobradiças. Foram identificadas as soluções de projeto, materiais e processos apropriados; Na fase de Projeto Detalhado foi construído um modelo contendo todos os componentes mecânicos do Gerador Solar para verificações funcionais da abertura; Durante a fase de qualificação foi construído um modelo completo com a solução definitiva de projeto dos mecanismos, integrados à estrutura dos painéis, passou por uma série exaustiva de testes funcionais, de vibração e extremos de temperatura em vácuo.
Ao final dessa fase, o projeto dos mecanismos do Painel Solar do Amazonia 1 atingiu o nível de maturidade 8, chamado TRL.
Technology Readiness Level Na última fase foram produzidos, integrados e testados os mecanismos para os dois Geradores Solares do satélite Amazonia 1.
Para se entender o real significado dessa conquista, a tabela abaixo mostra o significado de cada nível TRL
TRL | Significado |
---|---|
9 | Sistema real comprovado em voo |
8 | Sistema real aceito e concluído para voo |
7 | Modelo demonstrando desempenho |
6 | Modelo demonstrando funções críticas |
5 | Verificação de funções críticas |
4 | Verificação funcional |
3 | Prova de conceitos analítica |
2 | Conceito formulado |
1 | Princípios básicos |
Com o recente lançamento do Amazonia 1 e a operação bem sucedida da abertura dos painéis solares, os mecanismos de abertura desenvolvidos pela Fibraforte concluíram com sucesso sua função na missão. Assim, passa a ter o nível de maturidade 9 (TRL 9) que é o nível máximo de prontidão tecnológica da escala utilizada pela NASA e ESA (agências espaciais americana e europeia).